sexta-feira, novembro 02, 2012

S/ Título

"Coimbra, 16 de Março de 1962 - Ponho-me a pensar, com exemplos cimeiros, nesta ânsia realizadora incurável, que faz de cada artista um monstro de tenacidade e um símbolo de insatisfação.
Balzac a trabalhar dia e noite à custa de chavenas de café, Proust a deixar no papel o gráfico da sua agonia, Miguel Ângelo a aproveitar à luz de uma candeia, os últimos momentos de génio, o Aleijadinho a esculpir, com o escopro e o martelo amarrados aos cotos das mãos leprosas... E  dou comigo em plena heresia, a duvidar da sinceridade do autor do Génesis. Nenhum criador verdadeiro, mesmo que seja Deus, descansa no sétimo dia..."

in Diário IX, Miguel Torga, Coimbra
 

1 comentário:

Angel Corrochano disse...

doble exposición o reflejos. Ambos casos da como resultado una bella y misteriosa toma
Saludos