Recebi este comentário ao post anterior.
Embora ele tenha pedido para não responder, aqui fica a minha resposta.
As frases a preto são o comentário do meu “amigo” (anónimo). As frases a azul são a minha resposta.
“Devias ter vergonha.”
Resposta: Não. Não tenho de que me envergonhar. Nem sequer tenho medo de o afirmar. Coisa que parece que tu tens. Se calhar, quem tem vergonha és tu. Vergonha do que defendes e quem sabe vergonha de ti mesmo, caso contrário não usarias o anonimato para defender a tua opinião.
Andas hà semanas a debater-te com a necessidade de te justificares com o teu não ao aborto.
Resposta: Eu não tenho que me justificar, mas tenho procurado explicar porque é que tenho esta opinião, o que no teu caso, compreendo que seja muito mais difícil.
Já mostras-te que és um alienado político, uma esponja selectiva da informação que te convém, um estereótipo social, com uma visão massificada da sociedade.
Resposta: Parece que estás a fazer o teu auto-retrato. Sabes porquê? Porque ao contrário dos partidos de direita que não assumiram o aborto como uma questão política, os de esquerda, esses sim, usaram no passado e continuam a usá-la hoje como uma bandeira política importante. Basta ver que algumas forças de esquerda assumem que este assunto devia ser tratado no parlamento e não deixa-lo ser discutido e votado pelos cidadãos. Que democracia… quem é que se aliena afinal? Eu não sou certamente. Tenho a minha opinião e não a vendo a partido nenhum.
E esponja selectiva? Se reparares, o meu modesto blog, tem 59 post’s e desses… apenas comentaste 1. Quem é que está a ser selectivo?
Estereótipo? … pelo que dizem as sondagens, a minha opinião está em minoria. Se calhar representas melhor a sociedade em que vivemos.
Visão massificada? …
Proibir ou não, por lei, o direito individual de decidir, é um erro.Nem tu, nem eu, deveríamos poder mutilar, através de um decreto renascentista, a liberdade de escolha.
Resposta: Não. Neste caso não é um erro. Por essa ordem de ideias, devias achar que todos têm o direito de decidir se querem matar alguém ou não. Não os devíamos proibir. Afinal, há assassinatos todos os anos e há, para que é que se vai colocar as pessoas atrás das grades?! Como fica a sua dignidade e bom nome?
Há valores que estão acima da nossa liberdade. Aliás a nossa liberdade acaba quando começa a liberdade dos outros. E aqui a liberdade do outro é a liberdade do feto. Só que tu achas que só conta a liberdade da mulher. Desculpa que te diga, mas não estás sequer a ser renascentista. És ainda medieval.
Todo o mundo é contra o aborto!A mulher que aborta não o faz por desporto ou por questões financeiras.A violência da decisão de um acto desses é suficiente para fragilizar uma vida inteira.Todo o mundo é contra o aborto!
Resposta: Todo o mundo não. Pelo menos tu és a favor.
Naturalmente que não o faz por desporto, mas é preciso que a sociedade não lhe passe para as mãos uma licença para matar. Liberalizar o aborto é decretar por lei que é lícito tirar a vida de alguém. A lei funciona como um orientador de consciências e de moralidade. Aliás a moral é uma das fontes do direito.
Dos teus(?) números, não haverá um mulher que te seja familiar que já teve de recorrer a uma clínica privada, a um médico de província, a uma parteira de vão de escada?... que sabes tu disso?
Resposta: Naturalmente que não. E se o soubesse o que faria não era orientá-la para uma dessas clínicas. Tudo faria para a ajudar a ultrapassar as dificuldades e salvar uma vida.
E outra coisa… deves conhecer mal a minha família.
Infelizmente, os largos anos de vigência desta lei, mostraram que esta é inadequada. Inadequada, não é errada.E que neste anos, se tem perdido a batalha pela vida, não contra o aborto.Este, continuar-se-á a fazer, independentemente do que tu queiras ou tenhas legislado! Tu!
Resposta: Pelo menos é uma lei que não dá “ordem para matar”. O objectivo da actual lei é proteger a vida intra-uterina e tem já um conjunto de salvaguardas em que é lícito que haja uma ponderação de valores ou interesses entre a vida da mãe e a vida do feto. Fora dessas circunstâncias apenas prevalece o livre arbítrio da mulher.
E tu, não conseguirás, como não conseguiste até agora, impedir os abutres da praça (que mutilam, humilham e enriquecem à custa do desespero humano) de se regalarem com a tua egocêntrica mania de obrigar os outros, por lei, a pensar como tu?
Resposta: Não obrigo a ninguém a pensar como eu. Vivemos numa democracia e prevalece a opinião da maioria. Se o sim ganhar, respeito. Não concordo, mas respeito. E tu? Se o não ganhar? Terás a mesma posição?
Todo o mundo é contra o aborto!Mas deveríamos também, ser a favor da liberdade e do respeito pelas escolhas dos outros, dando-lhes condições para que fossem tratados com a mesma dignidade e segurança que esperamos que os nossos filhos e as nossas famílias sejam tratadas.
Resposta: Relembro que no teu conceito de “os outros” te estás a esquecer de incluir o feto. Tu também já foste feto. Sabias?
Um matraquilho político, como o Sr. Marcelo, apenas está interessado em fazer-se passar por entre o crivo das políticas, pulando na interpretação desta e de outras leis, como se em cada uma delas tivesse "descoberto a pólvora".E como ele, milhões de portugueses, fazendo juz à famigerada capacidade nacional de improvisar, votarão não, por mil e uma razões, enquanto as filhas, as esposas, as amigas, as mães(!)... escondem segredos, angústias e sequelas de terem optado livremente,... por serem delinquentes.
Resposta: Não sou discípulo do Prof. Marcelo, mas aceito com naturalidade que é uma referência no panorama intelectual de Portugal. Naturalmente que não chega aos calcanhares da tua inflamada sabedoria, mas é uma referência.
Os anos que esta lei leva, já mostraram que esta lei não serve. E os teus(?) números são a prova disso. Uma mulher bastava.
Resposta: Os números não são meus, são da sociedade e … confirma-se o que eu disse no inicio. Tu é que estás a ser “esponja selectiva”
Não é o direito à vida que está em causa. É o direito à escolha, à dignidade, à diferença, à saúde física (como diz a lei actual) e à psicológica.
Resposta: É sobretudo o direito à vida que está em causa. O direito de escolha não pode (acho eu, e tu não) sobrepor-se ao direito à vida do feto.
Quanto à defesa da saúde física e psicológica da mulher, já está contemplada na actual lei. (sabias?!!!)
Há inúmeras variantes da lei que eu não concordo: desde a sua implementação, às suas consequências, quando comparadas com outros cuidados de saúde a que devíamos ter direito, e não temos.Mas o tempo, encarregar-se-á de justificar o aperfeiçoamento dos sistemas sociais. E isto dava outro comentário enorme...
Resposta: Fica para essa altura a minha resposta.
Infelizmente, a irresponsabilidade de alguns políticos aproveitará a tacanhez da gente, e não permitirá passar esta lei.É pena. Também há gente da tua direita a defender a aprovação da lei. Também há gente da esquerda a defender o não.É a democracia.Parece que tu, com o teu direito de voto, não queres permitir aos outros, o que te permitem a ti: decidir.
Resposta: Desculpa, mas estás a fazer uma tremenda confusão. Como já disse, são os partidos da tua esquerda que entendem que os portugueses não deviam ser ouvidos. São portanto os teus que acham que eu não devo ter direito de decidir.
Mas felizmente estamos em democracia.
Todo o mundo é contra o aborto.E tu, como muitos, és contra o direito à dignidade.Uma mulher bastava: bastava que fosses tu. Mas não és...Não obrigues os outros, a terem apenas a tua escolha.
Resposta: Eu sou a favor da dignidade. Admiro sobretudo as mulheres que apesar das dificuldades, têm a DIGNIDADE de fazer prevalecer o direito à vida. É discutível a dignidade de quem mata.
PS- Não te preocupes, que não responderei aos teus comentários. O Blog é teu: faz dele o que quiseres. Podes continuar a fazer dele um espaço para a tua expressão política; ou podes valorizá-lo com o teu excelente trabalho fotográfico.Por mim, és infinitamente melhor fotográfo, do que figurante político.Continua a fotografar. Estás de parabéns pela forma como vês o mundo através da lente. A olho vivo, és tendencioso. Guarda isso para ti.Um abraço.
PS (resposta)– Tenho pena não poder continuar esta nossa conversa. Gosto de partilhar opiniões sobretudo com aqueles que têm uma visão do mundo diferente da minha. Só assim podemos evoluir e isso é válido tanto para mim como para ti. Tenho é pena que não assumires a identidade. Se eu fosse alguém violento, intolerante ou que se assumisse como dono da verdade, até compreenderia, mas não sou. O que não significa que não tenha opiniões firmes. Se alguém me demonstrar que estou errado, mudo de opinião, mas tu não foste capaz disso.
Obrigado pelas simpáticas palavras sobre as minhas fotos.
Quanto ao conselho para que guarde as minhas opiniões para mim, não posso concordar. Se calhar és mais tendencioso que eu.
Um abraço e volta sempre (já agora…com identidade)
1 comentário:
Gosto de pessoas que não têm medo de revelar a sua opinião em relação a acontecimentos da sociedade. Neste caso não se pode tratar por acontecimento mas sim por "o destino dos mais fracos e desprotejidos". Apesar do resultado do referendo acho que é uma obrigação continuar a lutar pela vida e pela razão. Partilho a mesma opinião do que tu e ,como jovem, fiquei decepcionado com o Portugal que temos. Também penso que os poprtugueses não foram esclarecidos devidamente. Continua. Um Abraço
Enviar um comentário